A IMPORTÂNCIA DE PERGUNTAR
Quando um professor ou professora pergunta à classe se alguém tem alguma dúvida sobre o que acabou de expor, qual é a reação mais comum? Silêncio ou algumas perguntas tímidas. A maioria tem alguma dúvida – ou muita dúvida – , mas não ousa expressá-la. Essa postura também é muito comum em universidades, empresas, em encontros culturais, nos almoços e jantares, nas mesas de bares e etc. Mas por que isso é tão comum?
Uma explicação pode estar na dificuldade de expressão, isto é, na dificuldade de encontrar as palavras certas para expressar a dúvida que se tem o que é muito normal em muitos casos. Outra explicação seria que grande parte das pessoas não ousa expressar sua dúvida por medo da fala em público, trazendo alguns prejuízos a pessoa e a todos em questão. Esse temor de maiores habilidades de expressão linguística e de comunicação oral poderia mudar bastante esse cenário.
Há, porém, uma explicação que nos parece mais fundamental: muita gente acredita, mesmo sem estar consciente disso, que ter dúvida e perguntar é expor uma debilidade, um sinal de dificuldade intelectual ou de falta de “conhecimentos”. Como nossa cultura valoriza muito a inteligência e a informação (ou pelo menos, o parecer inteligente e bem informado sobre tudo), poucos se arriscam a ser interpretados como tolos ignorantes ou confusos ao fazer uma simples pergunta. Assim a conversação entre pessoas costuma ser, com frequência, uma espécie de enfrentamento, em que cada interlocutor está mais preocupado em exibir seus conhecimentos que entender o outro ou aprender com ele – ou junto com ele.
Porém isso tudo não passa de um grande equívoco, perguntas são no mínimo a expressão do desejo de conhecer mais sobre algo ou alguém, do interesse pelo que pensa, sente e é o outro. Portanto, elas se complementam com a atitude de saber escutar, de dar a adequada atenção ao que o outro questiona ou propõe, de tal maneira que possa haver uma verdadeira troca de percepções e reflexões. Muitas vezes descobrimos nesse processo, nesse diálogo respeitoso, que a outra pessoa – que observa o mundo a partir de uma perspectiva diferente da nossa – percebeu coisas que não tínhamos percebido ainda, notou problemas nos quais não havíamos pensado até então. Isso ampliará nossa maneira de ver as coisas e a nós mesmos, ampliando nossos horizontes e possibilidades de escolha para a construção de uma vida mais consciente, crítica e justa.
Filosofar – Mirna Fernandes/Gilberto Cotrim pág.35
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ResponderExcluirDificuldade de expressão, medo de falar em público.
ExcluirE sempre bom pergunta na dúvida que vc estiver porque depois vc vai fazer atividade com duvidas e acaba errando.
ResponderExcluirHá, porém, uma explicação que nos parece mais fundamental: muita gente acredita, mesmo sem estar consciente disso, que ter dúvida e perguntar é expor uma debilidade, um sinal de dificuldade intelectual ou de falta de “conhecimentos”.