CIENTISTAS E SUAS HISTÓRIAS DE VIDA

 Milton Almeida dos Santos 


Nasceu em Brotas de Macaúbas, 3 de maio de 1926 – Morreu em São Paulo, 24 de junho de 2001. Foi um cientista brasileiro. Formou-se para ser advogado, mas não atuou na profissão. Se especializou em geografia e trabalhou como geógrafo sendo pesquisador e professor universitário. Se destacou por seus trabalhos e pesquisas em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos sobre espaços urbanos (cidades) em países em desenvolvimento. É considerado o grande nome da geografia no Brasil, reconhecido mundialmente, por unificar como uma única área do conhecimento.

Quando criança, foi alfabetizado muito cedo por seus pais que eram professores. Quando menino se destacava como estudante de geografia, ajudando colegas a compreenderem melhor os conceitos da geografia.

Milton Santos ganhou o prêmio Vautrin Lud, em 1994, o de maior prestígio na área da geografia. Milton Santos foi o primeiro e é o único geógrafo da América Latina a ter ganhado o prêmio em questão. Agraciado postumamente em 2006 com o Prêmio Anísio Teixeira. O prêmio é considerado o Nobel da geografia.

Milton Santos não diz que sofreu algum tipo de racismo, mas como trabalhou em diferentes lugares do mundo (Brasil, Peru, Venezuela, Tanzânia, Canadá e EUA), percebeu que é diferente ser negro em vários lugares do mundo. Por exemplo, ser negro no Brasil é conviver com a ideia de que o negro tem um lugar seu, geralmente, não ocupando uma profissão de destaque e de importância, mas de serviçal (empregado). E quando ocupa um lugar de destaque como foi o próprio Milton Santos (pesquisador e professor universitário de importantes universidades) é observado com um olhar enviesado (de desconfiança) como se não fosse o seu lugar. Alega que, de uma forma geral, o brasileiro não tem vergonha de ser racista, mas têm vergonha de se dizer que é racista.

Referências

Site da Folha de São Paulo: o que é ser negro no Brasil

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0705200007.htm

Site da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

https://www.professor.ufrgs.br/dagnino/book/export/html/6619

 

 Bertha Becker



Nasceu em Niterói no Rio de Janeiro no ano de 1930, Bertha Koiffman Becker, filha de imigrante judeus romenos e ucranianos, se apaixonou pela geografia no final de sua infância pela influência de sua própria irmã, que era professora na área, e porque queria conhecer o mundo. Apesar de conhecer outros países, foi sobre o Brasil, especificamente a Amazônia, que Bertha Becker construiu seu trabalho. Formou-se em geografia e História e foi através de suas pesquisas científicas sobre a floresta e a região amazônica, no final dos anos 1970 e início dos 1980, que o Brasil passou a encarar o tema de preservação com seriedade.  Becker, junto aos movimentos sociais, passou a pensar soluções integradas para a região e sua floresta, ou seja, como tornar cidades modernas (urbanizadas) sem prejudicar o meio ambiente e não causar tantos impactos na fauna e flora da floresta, assim como evitar que áreas dos povos originários e territórios florestais fossem desmatados para se tornar campo de pastagem para engordar gado. Por seu trabalho e luta ficou conhecida como cientista da Amazônia por lutar contra a violência ao território indígena e a preservação da floresta.

Bertha morreu em 2013 com 73 anos na ativa, como membro da academia de ciências do Brasil e atuante como professora titular aposentada pela UFRJ (universidade Federal do Rio de Janeiro), onde orientou, lecionou e escreveu inúmeros artigos científicos e livros.

Reconhecida pelo seu importante trabalho, ganhou alguns prêmios importantes que expressavam o seu valor para a ciência e preservação ambiental:

  • Medalha Carlos Chagas Filho de Mérito Científico – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – 2000; 
  • Medalha do Mérito Geográfico – Sociedade Brasileira de Geografia – 2007.
  • Medalha David Livingston Centenary – American Geographical Society – 2001; 

 Referências

Site Mulheres na ciência

https://geografianovestibular.wordpress.com/2022/03/15/mulheres-na-ciencia-bertha-becker/

Site Intérpretes do Brasil

http://www.interpretesdobrasil.org/sitePage/238.av

 

Sônia Guimarães

É uma cientista brasileira, formada em física, pesquisadora e professora no ITA (Instituto de Tecnológico da Aeronáutica). Nasceu em 1957 na cidade de Brotas, interior de São Paulo, a inteligência e determinação de Sonia davam sinais já na infância de um futuro promissor. Filha de pai tapeceiro e mãe comerciante, ela estudou a vida toda em escola pública e, desde muito cedo, se destacava por excelentes notas, principalmente em matemática. Aos 17 anos começou a conciliar estudos e trabalho. E com dinheiro que ganhava decidiu bancar um cursinho pré-vestibular para ingressar na universidade e estudar ciência. Foi a primeira pessoa da família a conseguir estudar em uma universidade e se formar. Os primeiros desafios começaram logo no início do seu curso, onde percebeu que as mulheres eram minoria nos cursos de ciências tendo muito poucas e muitas vezes não sendo levadas a sério. Buscou se especializar e estudar fora do Brasil (doutorado), quando voltou da Inglaterra em 1989 foi a primeira mulher negra a conseguir um doutorado em Física no Brasil. Ao retornar foi trabalhar em algumas universidade públicas do Brasil, sendo a primeira mulher negra a ser pesquisadora e professora do ITA que na época não aceitava mulheres como estudantes - o que só viria a acontecer três anos mais tarde.

Desde então, Sonia é voz ativa na luta contra a exclusão das mulheres em um dos mais tradicionais institutos de pesquisa do país. Em maio de 2023, Sonia recebeu a Medalha Santos Dumont de Honra ao Mérito como uma celebração dos seus 30 anos de atuação no ITA. Em dezembro do mesmo ano, foi eleita pela Bloomberg Línea uma das 100 pessoas mais inovadoras da América Latina.

 

Referências

Site da Revista Claudia (mulheres na ciência)

https://claudia.abril.com.br/cultura/a-luta-por-representatividade-feminina-na-ciencia-de-sonia-guimaraes

Site IRC: primeira negra doutora em física

https://iric.com.br/conheca/sonia-guimaraes/  

 

César Lattes

Foi um cientista, pesquisador e professor brasileiro. César Mansueto Giulio Lattes nasceu em Curitiba, Paraná, no dia 11 de julho de 1924. Era filho de imigrantes italianos. Iniciou seus estudos em Curitiba. Mudou-se para São Paulo e ingressou no Colégio Dante Alighiere e depois na Escola Politécnica. Ingressou na Universidade de São Paulo, onde cursou Física e Matemática. Concluiu o curso no ano de 1943. Seguiu para a Inglaterra com o físico italiano, Giuseppe Occhialini, para trabalhar no Laboratório da Universidade de Bristol sob a direção do físico britânico, Cecil Powell, onde permaneceu entre 1944 e 1945.

O brasileiro foi um dos físicos mais influentes do país, responsável por descobertas que moldaram a compreensão moderna da física de partículas.

Em 1947, César Lattes iniciou sua principal linha de pesquisa, “o estudo dos raios cósmicos” e conseguiu verificar experimentalmente a existência de partículas chamada de Méson por meio da exposição das chapas fotográficas. Somente não ganhou um prêmio Nobel de Ciência porque na época somente recebiam a premiação quem chefiava as equipes de pesquisa.  

Foi professor na Universidade de São Paulo e do Rio de Janeiro, Lattes morreu em 2005, aos 80 anos, em Campinas (SP).

 

Referências

Site Revista Valor: quem é César Lattes

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/07/11/quem-e-cesar-lattes-e-por-que-ele-nao-ganhou-o-premio-nobel.ghtml  

Site eBiografia

https://www.ebiografia.com/cesar_lattes/

 

Jocelyn Bell Burnell

Susan Jocelyn Bell Burnell nasceu na Irlanda do Norte em 1943. Desde criança, já sabia que queria ser astrônoma, mas naquela época, não havia mulheres astrônomas que pudessem lhe servir de referência. Ela sempre esteve ciente dos enormes desafios que ela precisaria enfrentar para seguir uma carreira na ciência.

Como cientista, junto com colegas, construiu um novo radiotelescópio em que percebeu à deteção de fontes de sinais no rádio que hoje se sabe serem radiação provinda de galáxias longínquas. Por ser mulher não foi reconhecida como descobridora deste feito sendo seu professor orientador a receber o prêmio Nobel pelo feito.

Jocelyn diz ter enfrentado muitas dificuldades por ser mulher. Na faculdade de física, minha primeira formação. Quando uma mulher entrava na sala de aula, todos os homens assobiavam, batiam os pés e nas carteiras, gritavam cantadas. Era considerado um comportamento normal para os homens nas ciências e engenharia. Os professores e a equipe acadêmica deviam saber disso, mas nunca fizeram nada para parar. Em 1967, enquanto revisava relatórios de monitoramento de quasares (massas de energia e luz maiores que estrelas, mas menores que galáxias), a irlandesa Jocelyn Bell Burnell notou algo curioso. Então doutoranda em radioastronomia na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, ela observou uma série de pulsos que apareciam exatamente a cada 1,3 segundo.

Na sociedade como um todo, havia uma atitude de tratar as mulheres como se elas fossem estúpidas. Elas eram consideradas sem cérebro, destinadas a serem esposas, mães e donas de casa. Se trabalhassem em um departamento de pesquisa da universidade, não raro eram confundidas com secretárias e recebiam ordens para fazer café. De muitas maneiras não era normal nem fácil para as mulheres terem carreiras acadêmicas.

Referências

Site Revista Galileu

https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2022/07/mulheres-eram-consideradas-sem-cerebro-diz-fisica-que-revolucionou-astronomia.html  

Site do Instituto de Astrofísica

https://divulgacao.iastro.pt/pt/feature/estrelas-que-brilham-no-tempo-jocelyn-bell/  

 

Rosalind Franklin

Nasceu em Londres em 1920, no seio de uma família judaica. O gosto pela área científica veio cedo, estimulado pela escola onde estudou – uma das poucas instituições para garotas que, na época, contavam com ensino de física e química. 

Em 1941, ela se formou em Ciências Naturais pelo Newham College, ligado à Universidade de Cambridge. Um ano depois, começou a pesquisar a estrutura física de materiais carbonizados, a partir de raio-X. Naquela época, as mulheres eram por vezes excluídas de estudos nas universidades. Não raro, algumas universidades simplesmente proibiam as pesquisadoras de utilizar determinadas dependências do campus.

Considerada uma das cientistas mais injustiçadas da história, a pesquisadora inglesa Rosalind Franklin foi fundamental para a descoberta do formato da molécula de DNA. Porém, o reconhecimento de sua pesquisa em torno do tema só ocorreu depois de sua morte. Foi um trio de cientistas homens quem levou os louros pela pesquisa e conquistou o Prêmio Nobel.

Referências

Site estudar Fora

https://www.estudarfora.org.br/rosalind-franklin/  

Site ebiografia

https://www.ebiografia.com/rosalind_franklin/

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