Discutindo sobre a indução: 4°anos colégio Santa Cecília

Prof. Alex Machado

Indução é uma forma de pensar que usamos para chegar a conclusões baseadas em exemplos ou observações, principalmente sobre experiências que tivemos no passado. Por exemplo, se toda vez que você come um pedaço de bolo de chocolate e se sente feliz, você pode concluir que o bolo de chocolate te faz feliz. A indução também é uma maneira de pensarmos sobre aquilo que pode acontecer, ou seja, fazermos previsões sobre o futuro (o que pode acontecer em situações semelhantes que observamos e experienciamos). Por exemplo, toda vez que comi bolo de chocolate, fiquei feliz. Então, se eu comer bolo de chocolate amanhã, isso me deixará feliz. Será mesmo?

A indução nos ajuda a pensar e perceber sobre coisas do dia a dia. Por exemplo, toda vez que saí de casa e choveu, percebi que, antes de começar a chover, o céu estava nublado. Então, digamos que, se amanhã, antes de sair de casa, observar o céu e estiver nublado, então, posso concluir que pode chover. Essa experiência pode nos passar uma sensação de confiança e servir de base para pensarmos sobre situações semelhantes.

Apesar de sua utilidade, ela tem suas limitações, mesmo que algo tenha uma alta probabilidade de acontecer novamente e se repetir como sempre foi no passado, ela não pode nos dar uma certeza de que acontecerá novamente (previsão do futuro). Por exemplo, o caso em que vai chover somente observando se o céu está nublado, mesmo que isso já tenha acontecido no passado em experiências anteriores e tenha chovido ou acreditar que sempre que comer bolo de chocolate te fará feliz até porque você pode enjoar de bolos de chocolate não te fazendo feliz.

A indução pode nos ajudar a criar previsões com base no que já sabemos, entretanto, ela pode nos induzir ao erro. E foi exatamente sobre essas limitações que o filósofo escocês David Hume refletiu há muito tempo e nos alertou sobre o problema da indução. O filósofo vai dizer: quando pensamos conforme a indução (de forma induzida), costumamos a acreditar que aquilo que aconteceu em algumas situações anteriores é suficiente para continuarmos acreditando que acontecerá novamente em situações semelhantes. Apesar disso, não podemos ter certeza. Por exemplo, nem sempre podemos ter certeza sobre o que acontecerá apenas observando que o céu está nublado em um dia diferente de dias anteriores, em que o céu estava nublado e choveu em algum momento do dia. Você pode ter uma boa razão para pensar assim, porque as coisas já aconteceram dessa maneira antes, mas não pode ter certeza que acontecerá novamente.

O filósofo Bertrand Russell, na tentativa de demonstrar que muitas vezes podemos pensar desta forma, principalmente quando realizamos experimentos científicos, criou uma reflexão interessante sobre a indução. Ele usou o exemplo de um peru para explicar o problema. Imagine um peru bem tratado todos os dias, recebe comida e está saudável. Durante vários dias, ele observa que sempre recebe comida e pensa: todo dia vou ser alimentado, porque sempre fui alimentado até agora. Mas, no dia de Natal, o peru é surpreendido! Ele não é alimentado e acaba sendo a refeição das pessoas. Ou seja, o peru fez uma indução baseada em suas experiências passadas, mas isso não era uma conclusão 100% verdadeira. 

O que ele pensou, com base no que viu antes (suas experiências anteriores), estava errado no final. Esse é o grande risco da indução: ela nos faz confiar em algo que já aconteceu várias vezes e achar que vai continuar acontecendo sempre da mesma forma. Mas o mundo está sempre mudando, e o que era verdade em um momento pode não ser verdade no futuro. Então, a grande lição de David Hume é que, mesmo quando a indução parece nos dar uma resposta lógica, sempre devemos estar abertos para o inesperado e prontos para adaptar nossas conclusões quando as circunstâncias mudam.

Desafio para refletir e pesquisar:

Agora, pensando nas enchentes e tudo que aconteceu em Porto Alegre e outras cidades do RS, você consegue identificar o problema da indução e a razão de uma despreocupação da maioria das pessoas? O que teria mudado no mundo do passado para os dias atuais que modificou tudo? O que poderia ter sido feito de diferente para evitar as surpresas causadas pelas enchentes?

Pense sobre isso e veja como a indução nem sempre nos garante as respostas mais seguras, principalmente quando a realidade começa a mudar. 

Atividade para se pensar:

Carlos observou, em uma feira que todas as ovelhas eram brancas. Com isso passou a acreditar que todas as ovelhas do mundo são brancas.

- Qual é o problema no raciocínio de Carlos?

Pedro queria deixar seu apartamento mais alegre. Então viu em uma revista de paisagismo que plantas poderiam ajudar, porém, alertava que plantas precisam de lugares abertos e com muita luz para crescerem. Com isso, Pedro desiste de sua ideia, concluindo que apartamentos que não possuem varanda não são lugares para cultivar plantas.

- Qual é o erro de Pedro nesta conclusão?

João deseja descobrir as temperaturas de vaporização (ebulição) e congelamento (solidificação) da água. Para ter boas conclusões, buscou fazer dois tipos de experimentos:

Fervura da água até 100°C e medição com termômetro

amostra 1 (água da torneira) = temp. 100°C 

amostra 2 (água da chuva) = temp. 100°C

amostra 3 (água do lago Guaíba) = temp. 100°C

Congelamento da água até 0°C em freezer

amostra 1 (água da torneira) = temp. 0°C 

amostra 2 (água da chuva) = temp. 0°C

amostra 3 (água do lago Guaíba) = temp. 0°C

 

A partir dos resultados qual foi a conclusão de João?

- Mas se João repetisse o experimento no lugar mais alto do mundo ela ferverá na mesma temperatura? Qual seria o resulta e por quê?

- E se João repetisse os experimentos com uma amostra da água do mar, qual seria o resultado? 

Atividade 2 - faça um desenho de uma das situações corrigidas pela sua pesquisa, trazendo a informação correta. 

Links para pesquisa:

Água e temperaturas

https://www.megacurioso.com.br/ciencia/127534-as-diferentes-temperaturas-em-que-a-agua-congela-e-ferve-no-nosso-planeta-vao-te-surpreender.htm 

https://super.abril.com.br/coluna/oraculo/por-que-a-agua-do-mar-nao-congela#google_vignette 

Plantas e jardinagem

https://jardinagem.casaefesta.com/plantas-que-sobrevivem-em-locais-escuros/ 

Raças de ovelhas no Brasil

https://premix.com.br/blog/racas-de-ovinos-no-brasil/ 

Cores das ovelhas

https://globorural.globo.com/Noticias/Videos/noticia/2017/04/por-que-alguns-ovinos-nascem-com-cor-da-la-diferente-do-restante-do-rebanho.html